Apneia do sono prejudica qualidade do sono infantil

Ronco e apneia do sono podem ocorrer na infância

Assim como nos adultos, as crianças também podem apresentar quadros de síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), sendo mais frequente na idade pré-escolar quando o crescimento do tecido linfoide (amígdalas e adenoide) é maior em relação ao tamanho da via aérea superior. No entanto, a síndrome pode ocorrer em todas faixas etárias, desde recém-nascidos até adolescentes, influenciando de forma negativa na qualidade do sono.

A apneia do sono é um transtorno respiratório que tem como característica a obstrução parcial ou completa da via aérea durante o sono. Considera-se para o diagnóstico um índice de apneia maior que 1 por hora de sono, podendo ocorrer múltiplos despertares e microdespertares ao longo da noite, além da presença de baixos níveis de oxigênio e aumento dos níveis de CO2 no sangue.

O exame de polissonografia em laboratório pode ser necessário quando há a presença de alterações respiratórias do sono em pelo menos dois dos itens abaixo:

• Quadro de ronco habitual associado a um ou mais dos seguintes sintomas: agitação, problemas de comportamento ou acadêmico, enurese (perda de urina), despertares frequentes e desnutrição.
• Apneia observada pela família.
• Sonolência excessiva diurna.
• Aumento do esforço respiratório durante o sono.
• Síndromes genéticas e malformações craniofaciais.

Na maioria dos casos o tratamento da apneia obstrutiva do sono na criança é realizado de forma multidisciplinar com acompanhamento pediátrico, otorrinolaringológico, odontológico e fonoaudiológico.

Com altas taxas de sucesso, a cirurgia para a retirada da adenoide e das amígdalas (adenotonsilectomia) consiste na principal forma de tratamento da SAOS nas crianças, devendo sempre ser considerada.

Eventualmente, em casos moderados ou graves em que a cirurgia não apresentou resultado satisfatório ou é contraindicada, pode-se avaliar o uso de aparelhos de pressão aérea positiva (CPAP). A necessidade desse aparelho, em geral, se restringe a crianças com obesidade, doenças neuromusculares ou síndromes genéticas.

Referência:
– ALVES, RC, In: Capítulo Transtornos do sono na infância – Associação Brasileira de Neurologia (ABN)
– ALVES, RC, In: Distúrbios do Sono, Livro Desenvolvimento da Criança, 2017.