Sensação de Pernas Inquietas pode ser um Transtorno do Sono

Sensação de coceira, formigamento, dormência e agonia ao ficar parado ou deitado, necessidade incontrolável de movimentar as pernas. Esses são alguns dos sintomas comumente relatados pelos pacientes com Síndrome das Pernas Inquietas (SPI), uma doença neurológica mais comum em adultos acima de 40 anos.

Segundo dados do Consenso Brasileiro em Síndrome das Pernas Inquietas, da Associação Brasileira do Sono (ABS), a prevalência da doença varia entre 5% a 10%. Já um estudo epidemiológico realizado no interior do estado de São Paulo mostrou uma prevalência estimada em 6,4% naquela população.

Os estudos sobre a SPI mostram um aumento da prevalência em função da idade e um maior acometimento de mulheres, em uma taxa de duas mulheres para um homem. Entre as justificativas para isso estão alguns motivos: as mulheres percebem e relatam os sintomas de uma maneira diferente dos homens; a presença de diferença hormonal entre os sexos; a redução das reservas de ferro nas mulheres. Outro ponto é que a gravidez tem um papel importante quanto ao risco para desenvolver SPI nas mulheres que apresentam história familiar positiva para a síndrome.

A SPI causa uma sensação desconfortável nos membros inferiores quando a pessoa está em posição sentada ou deitada, fazendo com que tenha a necessidade urgente de se levantar e movimentar as pernas. Em alguns casos, o paciente pode ter sensações parecidas nos braços.

Também conhecida como doença de Willis-Ekbom, a Síndrome das Pernas Inquietas é uma condição sem causa aparente, sendo que mais da metade dos pacientes têm histórico familiar, o que sugere que ela tenha um fator genético envolvido.

O diagnóstico da Síndrome das Pernas Inquietas (SPI) é clínico e baseado nos sintomas descritos e/ou observados no paciente que podem ser leves e moderados

Principais sintomas

• Necessidade ou urgência de mover as pernas, geralmente acompanhada por desconforto ou incômodo.
• Sintomas pioram ou estão exclusivamente presentes em repouso ou inatividade: sentado ou deitado.
• Sintomas aliviam total ou parcialmente com o movimento.
• Sintomas pioram ou ocorrem exclusivamente à noite.
• Os sintomas não são explicados por outras doenças ou condições.

Principais queixas relatadas pelos pacientes

• Angústia, ansiedade, desespero, aflição, tensão
• Cansaço
• Câimbras
• Choque
• Coceira, comichão
• Fisgada, picada
• Formigamento, “formigação”
• Friagem nos ossos
• Gastura
• Inquietação, incômodo
• Irritação
• Pinicar, “pinicamento”
• Queimação, calor
• Repuxamento
• Sensação de peso
• Vontade de não ficar quieto
• Vontade de espichar – “Farnizim”

Pernas inquietas e o sono

A síndrome também pode causar distúrbios do sono, pois os sintomas iniciam-se ou pioram à noite no momento do repouso, fazendo com que os pacientes tenham dificuldade para relaxar e iniciar o sono. Dessa forma, a insônia é uma queixa comum nesses pacientes, além do transtorno de movimentos periódicos do sono, quando familiares relatam que o indivíduo chuta e se mexe muito na cama durante a noite.

Como consequência do prejuízo da qualidade do sono, os pacientes podem ter sonolência durante o dia, comprometendo suas atividades sociais e de trabalho. Vale dizer que fatores emocionais, como estresse, podem piorar os sintomas, assim como alguns medicamentos antidepressivos também podem exacerbar os sintomas.

Medidas para aliviar os sintomas:

• Balance as pernas ou bata os pés no chão com cuidado.
• Alongue-se, caminhe um pouco e estique as pernas.
• Tome um banho quente para ajudar a relaxar os músculos.
• Evite bebidas com cafeína, como café, chá preto e chá mate.
•  Mantenha uma higiene do sono regular.
•  Pratique atividades físicas regularmente.

Felizmente, a doença tem bom prognóstico e pode ser controlada, sem muitas complicações em longo prazo. Além das medidas de higiene do sono e da prática de atividades físicas leves, o médico poderá prescrever, em alguns casos, tratamentos para o alívio dos sintomas.

Referência:
– Consenso Brasileiro Síndrome das Pernas Inquietas, ABS – 2013.

Veja também esse vídeo explicativo sobre o tema: