Pesadelos podem levar à insônia e má qualidade do sono

Transtornos do pesadelo são comuns na infância, mas também acontecem na vida adulta

Muito comum na infância, mas também presente na vida adulta, o pesadelo é definido como um transtorno do Sono REM (sono profundo que acontece na segunda metade da noite) quando, geralmente, a pessoa tem episódios em que acorda assustada, relatando estórias desagradáveis e perturbadoras. Ao despertar, a pessoa sente emoções negativas como por exemplo: medo, terror, ansiedade ou raiva. Taquicardia e respiração acelerada, em graus variados, também estão presentes.

Os pesadelos são considerados um tipo de parassonia primária, correspondendo a fenômenos físicos e vivenciais indesejáveis que acometem o sistema motor e/ou neurovegetativo (parte do sistema nervoso relacionada ao controle das funções, como respiração, circulação do sangue, controle de temperatura e digestão) durante o sono.

Estima-se que os pesadelos ocorram em 60 a 75% das crianças, podendo iniciar bem cedo, por volta dos 2 anos de idade. Cerca de 10 a 50% das crianças de 3 a 5 anos apresentam pesadelos ocasionais graves, pedindo ajuda a seus pais durante a noite.

Pesadelos frequentes podem ocorrer em até 5% das crianças na fase escolar e estão associados a características de personalidade, situações de estresse ou quadros psiquiátricos. Em adultos, a prevalência de pesadelos uma vez por semana é de cerca de 6 a 8%.

É importante saber que alguns medicamentos, como anti-hipertensivos, anti-histamínicos, antidepressivos e outros, além do abuso ou retirada de álcool, estão relacionados com pesadelos.

Sinais para o diagnóstico:

• Ocorrências repetidas de sonhos desagradáveis e angustiantes que, geralmente, envolvem ameaças à sobrevivência, segurança ou integridade física.
• Ao despertar, a pessoa rapidamente retorna ao estado habitual, orientado e alerta.
• A experiência causa sofrimento significativo ou prejuízos nas áreas social, ocupacional ou outras.

Impacto dos pesadelos frequentes:

• Perturbação do humor com persistência do pesadelo, ansiedade, inquietude.
• Resistência ao dormir com ansiedade na hora de dormir, medo do sono, pesadelos subsequentes.
• Alterações cognitivas com imagens intrusivas de pesadelos (imagens voltam à mente), incapacidade de concentração ou memória.
• Impacto negativo sobre o cuidador ou o funcionamento familiar.
• Problemas comportamentais, como evitar dormir e medo do escuro.
• Insônia e dificuldade para retornar ao sono após despertares.
• Sonolência excessiva diurna.
• Cansaço ou baixa energia.
• Função ocupacional ou educacional prejudicada.
• Prejuízo nas relações pessoais.

Quando os episódios de transtornos do pesadelo são muito frequentes e impactam a qualidade de vida do adulto ou da criança pode ser importante procurar a ajuda de um médico especialista em Medicina do Sono.

O diagnóstico inclui uma avaliação da história clínica completa e detalhada, envolvendo hábitos diurnos e do momento do sono. Em relação ao tratamento, a maioria dos casos se restringe à orientação familiar sobre o caráter benigno dos episódios com medidas de higiene de sono, psicoterapia e, mais raramente, uso de medicações.  

 

Referência:
– ALVES, RC, In: Capítulo Transtornos do Sono, Livro Clínica Médica – Neurologia 2015.
– ALVES, RC, In: Capítulo Parassonias, Livro Distúrbios do Sono na Infância, Editora Atheneu.

Veja também o bate-papo com o Dr. George Pinheiro, especialista em Medicina do Sono: